Porque transpiramos? Não podíamos simplesmente não transpirar?
Sim, claro, transpirar serve para regular a temperatura interna, pois no fundo somos uma termomáquina que necessita de regular a sua temperatura, ou não fosse falhar o funcionamento de qualquer uma dos nossos muitos órgãos – qual orquestra sempre afinada e, constantemente, controlado por um maestro que é o verdadeiro cérebro de tudo. Mas não será transpirar também um modo de comunicar, de expressar sentimentos e acções? O nervosismo, o cansaço e o esforço tornam-se adjectivos corporais via transpiração. E não nos enganará também a transpiração?
Sim, obviamente que sim, engana quem transpira e quem vê transpirar. Primeiro porque nem sempre é evidente o motivo pelo qual os outros transpiram. Em Segundo, porque nem quem transpira sabe, por vezes, a razão para a sua própria transpiração e, pior ainda, está longe de a controlar. Assim, transpirar é natural, é algo primordial na nossa natureza, mas é também comunicar, premeditadamente e involuntariamente. Transpirar revela também as nossas fragilidades de falta de controlo – tão próprias da condição humana. Por vezes há odores quem incomodam a quem vai produzindo.