O tempo que nunca para

Pode o tempo ter gestão?
Pode o relógio ser manipulado
Controlado e rearrajado, por nós alterado?
Pode, mas só numa manipulação
Mecânica, momentânea e inútil,
Coisa subtil, pouco mais que ilusão fútil.

Não é ilusão, o tempo não para,
Como não para um viver consciente,
Uma ferida benéfica que sempre sara.
Atrasar e não viver como próprio ente
É não ser presente na próxima consciência,
É não ser o todo da nossa existência.

Não podendo procrastinar em verdade,
Resta-nos acomodar à condição da irmandade
humana que partilhamos e nos define,
Com a vontade de controlo que nos comprime,
E nos obriga a gerir os soltos vimes,
Para fazer o cesto entrelaçado de tempos
Em uniões tecidas de muitas lides,
Muitos compromissos e contratempos.

Resta-nos então saber tecer,
Ter a capacidade de criar um hábito
De fios de tempos para vencer
As limitações e o óbito
De desaparecer sem tempo,
De não ter um  que nos sirva de alento
A querer ter mais para gerir,
Mais tempo gerir sem anuir

Sem comentários:

Enviar um comentário