Os fins e os papeis que voam

Das secretárias nascem papeis.
Dos computadores tecla-se sem fim.
As pastas arquivam relatórios e leis.
O correio e expedição deslizam pelo cetim
Do manto que envolve a diária rotina,
Que à noite termina e logo começa na vespertina.

As tarefas mecânicas auxiliadas pelas humanas biologias
Transformam as atividades e condicionam as terminologias
Como um molde rígido, inquebrável repleto de uma patologia
Própria da humanidade contemporânea, da sua prisão de fantasias,
De que o sucesso é o fim último e o bem mais precioso deste tempo.
Vã inconsciência de quem abdica de apreciar o novo, o contratempo!

A rigidez da formalidade, até do que parece informal desgasta.
É nódoa que não se afasta, que corrói e mói porque devasta
A possibilidade da retidão na irreverência, mostrando competência.

Voltam e vêm os papéis, muitas vezes eletrónicos.
Redefinem-se também os outros papéis sociais,
Os tais que estão em constante mutação. São lacónicos!

Porventura rotinas são cada vez mais disfuncionais.
Porventura há quem as procure intencionalmente por naturais.
Porventura são afinal importantes para que constem dos anais…

Sessando o dia vem a noite sem inocência.
Sessando a irreverência vem a complacência.
Sessando o sonho fica só a eloquência
De poder sonhar e escapar à demência!

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