Viver na Quente Incerteza

Lá fora tudo se derrete
À sombra de um sol que funde,
Com a luz que lhe compete.
Ninguém evita que se afunde
A massa pastosa da outrora sólida
Estrutura, agora flácida e estólida.

A ruina é incerta.
A queda variável.
Surge uma aberta
Pouco ou nada viável.
À falta de alternativa
Prossegue a comitiva,
Na esperança de encontrar
As bases sólidas onde fundear.

No exterior teme-se a altura.
No interior teme-se a ruina da pedra.
Junto à terra foge-se à abertura
Que do sismo por vezes medra.
Pelo ar corre um vento quente
Errante que seca e mirra a mente.

A segurança desapareceu,
A ilusão desfaleceu.
Mas ficámos mais fortes na fraqueza.
Voltámos à primordial rudeza.
Voltámos a ser sobreviventes na incerteza!

2 comentários:

  1. Gostei da forma como brinca com as palavras.
    Porque as certezas são cada vez menos , temos que contrariar as incertezas que florescem em cada canto.

    :)

    ResponderEliminar
  2. Muito obrigado, mas trata-se de uma brincadeira um tanto melancólica, ainda que ensaie optimismo no final.

    ResponderEliminar