Manhã de Domingo

A manhã de um domingo sabe a princípio do fim de um sonho efémero irrealizado que se vai repetindo.

Manhã de domingo

A manhã de um domingo sabe a princípio do fim de um sonho efémero irrealizado que se vai repetindo.

Sentido imaginado

As horas passam somadas em instantes longos, que parecem fazer sentido no seu resultado, pois em tudo há um propósito decifrável pela imaginação humana.

Um Cosmos de Luz Particular

Nas trevas
Uma partícula
Embateu contra o vazio,
Preenchido pela confusão
Da permanente escuridão
Que cobria tudo por igual.
Tudo era indiscritível e Indefinível.
Tudo era igualmente o mesmo
Sem definição e alma distinguível.
Esse átomo primordial,
Eterno na sua existência
Ganhou memória.
No escuro decidiu mudar,
Converteu movimentos e redirecionou
Toda a sua energia para si próprio.
Implodiu e libertou tanta luz
Que o universo mudou também.
A explosão desencadeou reações em cadeia.
A luz interior libertada pela multidão ativada
Transformou todos os que chocavam sozinhos no vazio.
Somou-se num cumulativo de calor iluminado.
Os átomos perderam o isolamento.
Mudaram, criando uma nova dinâmica coletiva,
Livremente conscientes do seu poder.
Cessou o fatalismo da solidão.
Uns agregaram-se e o universo mudou ainda mais.
O movimento sensível gerou a vida
De um cosmos que existia adormecido.
Pulsava então a potência da utopia
Da realidade materializada
Em maravilhas.


Mas nem só a claridade
Definia o novo universo.
Permaneceram trevas e vazios.
Permanecia a diversidade dos extremos,
Do muito e do pouco,
Da energia e do marasmo,
Do efémero e do eterno.
Alguns astros daquele cosmos
Continuavam isolados da sua vizinhança,
Teimosamente sem cor,
Sem qualquer radiação partilhada.
Outros embatiam com tal violência,
E irresponsabilidade,
Que arrastavam tudo
Numa espiral de energia destruidora,
Criando buracos negros
Consumidores da energia alheia,
Tão criteriosamente poupada para outras existências.
Mas agora os embates podiam ser vistos
Para além da insensibilidade do vácuo.
Tudo ficou frontalmente mais transparente.
O pano caído das trevas
Revelou a realidade construída
De uma diversidade imperfeita.
Partículas, átomos e moléculas
Morriam agora à vista de todos.
Mas enquanto viviam brilhavam,
Partilhando a sua essência
Com quem os aceitava apreciar.
A tolerância mantinha a esperança
Duma eternidade conquistada,
A cada instante vivida,
Enquanto o combustível da vida
Mantinha a luz da existência.

Terra das Memórias Cruzadas

Pela Manhã.
As lembranças rasgadas
E obliteradas continuamente
Pelas ondas do oceano imemorial
Preenchem os vazios da saudade.
Os elementos eternos reavivados
Contrastam com a beleza dos adornos,
Da natureza que envolve os seres.
Este ambiente vive da água,
Do ar e da terra,
Cobertos de trajetos humanos.

Pela tarde.
O sal do mar tempera o seu génio.
O seu caracter revela-se em transparências
Amplificadas pela luz desta região,
No centro das importâncias relativas.
Aquele pinhal evasivo instalou-se nas gentes.
As sombras pintadas de verde
Protegem os tímidos e incentivam os audazes.
As dunas arejadas pela maresia
Criam palcos de exposição
A um sol que trata todos por igual.
O Liz é o ator dos múltiplos papeis,
Metamorfo dos tempos e da história.
O céu abre-se em melodia
Ritmada pela diversidade
Deste pequeno cosmos.

Pela noite.
Cai o sol afogado no horizonte,
Abraçado à lua ainda adormecida,
Enquanto cobre superficialmente,
Num último instante fugaz,
Tudo o que resta exposto à lembrança
Com raios que deixam saudade.
Assim se faz o ciclo
Contínuo de uma
Terra viva com memória.

Nota: Poema criado para o concurso "O Poeta da Saudade"

Preconceitos sobre Bogotá

Bogotá estava, aparentemente, assente sobre uma fundação de cocaína, tão dependente dessa droga como um ignorante das suas verdades absolutas.