Verde, água e terra

No entroncamento dos desertos
Brota Constância das dunas verdes.
Transpira resina perfumada gota a gota,
Escorrendo ao ritmo próprio
Das chuvas distraídas aí acumuladas.

Nesses reflexos de imensidão
Perde-se a memória do tempo,
Das correrias superficiais.
Fortes correm as águas,
Teimosas no seu destino.
Lentas correm as mágoas
Cobertas de calma espelhada.

Nem tudo é água e verde,
Nem toda a casa emerge da terra.
Nem tudo é como aparenta não ser.

Do banco do jardim de rio,
Pelos trilhos amaciados de humidade,
Escorregam pensamentos,
Corrente abaixo,
Liberta-se a alma
Pelo vento concorrente
Neste cruzamento.

Nota: obteve o 4.º Lugar na 3.ª edição do concurso literário Alexandre O’Neill 2016 na categoria de poesia

Elefante Branco e as chuvas desamparadas

Na terra dos intelectuais emergem elefantes brancos, alimentados de palhas débeis.
Na secura desse substrato rasgam-se trilhos incertos com o tempo.
Eventualmente caem as chuvas desamparadas, atiradas para o solo ferido, sem aspirarem a novas evaporações, pois o paquiderme tudo absorve rumo à candura.

Buscar a cor

Dou cor à minha vida através das páginas a preto e branco escritas por desconhecidos

Hoje adoro

Adoro frases motivacionais, motivam-me a detesta-las cada vez mais. Adoro expressões de profundidade moral, vão tão fundo que se tornam obscuras. Adoro escrever o que me apetecer, pois se fosse obrigado ninguém iria ler na mesma.