A Queda de um Ídolo

Estava convencido ser de ouro,
Valioso, esteticamente talhado e estável,
Equilibrado na beleza e no peso
Que não temia cair com o vento
Enquanto irradiava o talento
Que lhe cobria o corpo enferrujado
De um interior metálico,
Nada nobre.

Só temia ser roubado
Por outro oportunista.

Aquele dourado era uma mera capa,
Renovada pela sua loucura,
Pela ilusão do seu valor.
Afinal até o peso desaparecia
Com a acção dos dias.
Era um metal não tratado,
Impreparado para a agressão
Interna do trabalho.

Com os anos apenas restava a película dourada,
Suportada pela estrutura precária.
Com uma derradeira brisa caiu.
Só o chão o amparou
Porque era o único sem hipótese de fuga.
Ficou derrotado num estilhaço sem reparo.

No fim vieram os reconstrutores.
Trituram os restos daquele ídolo.
Transformou-se em inerte,
Agora mais útil e verdadeiro
por todos o puderem finalmente pisar.

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