Banquete de Carne


As facas suspiram por carne,
Transpiram sangue de nervosismo.
Anseiam por serem afiadas,
Ainda que temam
Perder o sabor a morte do passado.

Peitos abertos
Costas assinaladas
Preparam-se na inocência
Para resistirem às facas.
Há quem prefira uma coxa para entreter.
Certamente se irão juntar
Nabos e repolhos,
Meramente decorativos.
No fundo interessa a carne,
Ainda viva,
Servida à mesa festiva.

Nem a música foi esquecida
Para abafar os gritos
Da dupla matança.
Na há refeição sem morte,
Não há vida sem medo,
Pois quem não temeu não viveu,
Apenas digeriu sem saborear.

A fome aperta,
As entradas já lá vão,
Devoradas com a pressa
De provar a carne.
Bom apetite.