Viagem ao buraco negro

Na orla do buraco negro,
Sanguessuga de luz,
Destruidor de matéria,
Vivi uma vida translúcida.

Refleti a escuridão,
Intensificada pelo pior de mim.
Fui o louco navegador
Que lutou inerte contra a gravidade.
Fui o inconsciente sábio
A quem todos aconselharam
Para que tivesse mais sabedoria.

A alma resistia a desprender-se do corpo.
Mas consegui mante-la
Perante a atração autodestruidora.

Fiz de conta que esqueci o medo
Para compreender esta força de atração.
Falhei porque escolhi a compreensão.
Acertei porque a perda de massa,
Do seu peso relativo,
Nunca me preocupou.