Tirania do ecrã

Estou amarrado,
De olhos vidrados
E dedos deformados
Enquanto me curvo
No narcisismo tecnológico.

Sou eu, projetado virtualmente.
Eu que nunca fui assim nem serei;
Um modelo de qualquer coisa,
Melhor porque me edito e re-escrevo.

Não sei viver sem este ciber-ego,
Não sei viver sem rede,
Não sei viver sem estes dois dedos
De conversa manipulada em tempo irreal.
Polegares deformados pressionam-me,
Re-configuram-me, transmitem-me o vírus,
Fazem crescer o vicio de querer ser perfeito
Neste mundo digital onde apenas bastam
Estes membros amputados de mim,
De um corpo que perdeu o mundo.


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