Arrumar as coisas

Do suor que pinga do rosto
Fica o lavar das memórias
Avulsas acumuladas.
Com o tempo juntam-se coisas,
Indefinidas e sem utilidade presente
Para além de fazerem lembrar
Passados ocorridos.

O esforço de arrumar histórias,
Quando estas são materiais,
Estimula o corpo a falar com a mente.
A memória ganha peso e volume.
A memória existe até ser deitada fora.
A memória conversa por momentos.
O corpo responde,
Não quer ouvir mais,
Não pode suportar mais o peso do passado.

Coisas por arrumar,
Coisas para meter no lixo,
Guardando apenas o essencial.
Depuração do consumismo
De acumular tesouros inúteis.

Querer ordenar sem receio
De perdermos parte de nós
Obriga a um novo começo,
A um novo ciclo de acumulação
Limitado pela nossa capacidade de guardar
E saber quem somos para além das coisas
Que achamos que guardam a nossa essência.

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