No céu está o pai imaginário,
Criado por necessidade,
Por medo de um mundo
Que simplificamos de binário.
Então e a mãe?
Não é ela que acarinha também?
Herdamos um pai vingativo,
Tão estranho…
Nem parece uma pessoa de bem.
Tão bizarro…
Tanto que o transformamos,
Aprendemos a viver com ele,
Transmutado num flexível paliativo.
No céu está Deus,
O pai que resiste a aviões
A todas as penetrações,
Até de foguetões.
Por lá reside,
Imaginado entre nuvens de fantasia.
Mas é por cá que temos os pais reais,
Na terra que nos pariu,
E que um dia nos engolirá também.
Até lá também seremos pais,
Tão falíveis como os demais.